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Blogue dos universitários da FAPCOM.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Maracatu Bloco de Pedra



DSC06118.JPG Foto: Yasmim Bianco

As batidas da cultura pernambucana no coração de São Paulo

Vozes são anuladas ao som das caixas, gonguês e alfaias.

O colorido invade a quadra da escola Profº Antônio Alves Cruz e é impossível não ser contagiado por essa atmosfera rítmica e cheia de energia

É em um cenário assim, de alegria e descontração, que encontramos o grupo de Maracatu Bloco de Pedra - Calo na Mão, na região oeste de São Paulo.

A partir de um programa de revitalização, o projeto Fênix iniciou no ano 2000 uma série de ações que contribuíram para que o colégio Profº Antônio Alves Cruz mantivesse suas atividades normais, visto que se encontrava em vias de fechamento. Em meio ao esforço de diretores, professores, alunos e ex- alunos, diversos projetos começaram a ser desenvolvidos na escola e dentre eles estava o Calo na Mão, que trabalha com a cultura do Maracatu de Baque virado.

Hoje, 10 anos após o processo de reestruturação, a escola se mantêm viva e o projeto continua desenvolvendo suas atividades, que ocorrem aos sábados.

O Bloco de Pedra realiza três atividades principais. A primeira é a Oficina de construção, onde são oferecidos cursos sobre a produção de instrumentos típicos do Maracatu de Baque Virado, que posteriormente são utilizados nas aulas de percussão. Em seguida acontece uma aula de introdução ao Maracatu e por fim um trabalho aberto ao público.

Durante as oficinas abertas, o Bloco já chegou a reunir mil pessoas “Existe um movimento contemporâneo de revisitar e valorizar os folguedos populares. Muitos vem pela festa, pra assistir o Maracatu e pra dançar ” ressalta Márcio Lozzano, um dos coordenadores do projeto .

Na quadra,onde as apresentações acontecem, misturam-se aos instrumentos senhores, adultos, jovens e crianças. Os olhares ficam estagnados e podemos perceber o quanto as pessoas se sentem contagiadas. Alguns começam a dançar, outros cantam e existem aqueles que apenas vibram a cada batida “A primeira vez que assisti o Bloco entrei em estado de choque. Eu só pensava em participar e não ser apenas expectadora. A dança é incrível, e você não consegue ficar parada ” diz Bárbara Costa, 21 anos.

O projeto Calo na Mão conseguiu alcançar reconhecimento dentre as nações de Maracatu de Pernambuco e já teve a honra de receber alguns dos representantes mais tradicionais desse cenário artístico, como os Mestres Chacon Vianna ( Nação Porto Rico ) , Ivaldo Marciano (Nação Cambinda Estrela ) , Afonso (Nação Leão Coroado ), além dos Mestres das Nações Estrela Brilhante de Recife e Estrela Brilhante de Igarassu. Segundo Márcio Lozzano, essas visitas são essenciais para o grupo que podem mostrar o quanto o trabalho está sendo levado com seriedade e respeito.


Para Rogério Fonseca, que participa do grupo há 2 anos, o Maracatu é fundamental para manter a integração entre a comunidade e a cultura popular do nosso país “Sendo brasileiro e trabalhando dentro de uma cultura brasileira eu me sinto extremamente privilegiado. Aqui existe uma troca muito grande de harmonia, conhecimento e energia. Nós dançamos e cantamos , o que é vital para a preservação das nossas raízes ”

A ideia de valorização da nossa cultura popular brasileira é uma das principais metas do grupo que conseguiu difundir essa ideologia “O maracatu é comunidade, é aprender a viver, se respeitar, tentar conviver junto. O nosso objetivo principal na verdade, não é só preservar, desenvolver, fomentar ou brincar a cultura do Maracatu. É também o nosso objetivo que as pessoas fiquem bem, fiquem felizes, e é essa afinal de contas a ferramenta que possuímos”, afirma Márcio Lozzano.

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Yasmim Bianco é estudante de Jornalismo (Noturno)



Deputado é afastado depois de escândalo envolvendo uma construção feudal

Como se já não bastasse toda a desigualdade de cabo a rabo no país, eis que ainda podemos nos surpreender com certos casos alarmantes e boçais de abuso de dinheiro, e principalmente, de respeito público.

Na última quinta feira, dia cinco de fevereiro, o partido DEM solicitou o pedido de afastamento do deputado Edmar Moreira (DEM-MG), por denúncias de sonegação das declarações de bens. Até ai, diga-se de passagem, está tudo bem dentro dos padrões. Ora! Estamos no Brasil, onde políticos normalmente votam leis, como em todos os outros países, vivem de terno, como em todo o mundo, mas aqui também é comum que algum deles – modestamente falando, roubem um pouco, ou como queiram, soneguem, apropriem-se de bens públicos para o bem privado.

O fato que torna tudo isso mais alarmante que o de costume – não há mais alarmes para os de costume, é que o bom deputado Edmar Moreira extrapolou um pouco.
Existe na cidade de São João do Nepomuceno um castelo avaliado em mais de R 30 milhões e este mesmo se encontra sobre o bom e generoso nome da família do deputado do DEM, que, digamos agora sinceramente, teria grandes problemas se fosse um ladrão. Oras! Explicar como pôde levantar os alicerces de todas aquelas grandes paredes e construir uma propriedade destas numa área tão mal desenvolvida economicamente como o sul de Minas Gerais – onde ele tem uma empresa a qual lhe concedeu diversos processos por falta de pagamento aos funcionários - não será tarefa muito fácil. Ainda mais com o fato de que nesta residência – digamos assim, poupando ironias, ele só passa algumas de suas férias.

Mas lembramos que excelentíssimo Sr. Edmar Moreira não é um ladrão. Ele é apenas mais um daqueles políticos que tem sorte de viverem na época certa e no lugar certo – em certas horas acho que seria confortante ver algum deputado nos noticiários, de vez em quando, correndo de uma grande multidão com tochas e muita vontade de justiça como nos velhos tempos da inquisição.
Além do que, “Edmares Moreiras” e “Robertos Jeffersons” não são o tipo que roubam para seu sustento, o que torna alguém ladrão no Brasil hoje.

Por fim, desejo toda a sorte do mundo ao povo brasileiro, o que me inclui, certamente. Para que megalomaníacos e outras espécies assim, sejam, um dia, extintos de um órgão que tinha que simplesmente, funcionar.
Eu ainda acredito em você, Brasil.
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Marcel Scognamiglio é estudante de Jornalismo (Noturno)